Coisa complicada falar desse lugar sem sentimentos fortes invadindo.
Ano passado eu estava planejando uma viagem ao exterior para o meu aniversario, e pensando seriamente em ir para Veneza, um lugar onde sempre a minha alma sonhou em estar, mas ai meu primo me disse que uma turma de professores e alunos estavam se reuniando para ir para Machu Picchu… Veneza? afundo de vez. Nem pisquei e disse a ele que eu estava dentro dessa viagem.
A noite em Cuzco eh magia pura. Sua iluminacao amarela, da um tom de magia, de misterio, como se pudessemos sentir tocar o ar, a magia, o misterio. chegar na praca foi de tirar o folego de todos. nao deu para segurar nao, os zoinhos encheram de agua… os meus e te todos ali. Aquele lugar eh simplesmente divino. Uma sensacao de paz, aconchego, de estar em casa, mesmo ha quilometros de casa, de se sentir parte daquilo.
Depois disso fomos as ruinas perto de Cuzco, que sao igualmente maravilhosas e de tirar o folego de qualquer pessoa.
Rumoamos em direcao a Pizac. As ruinas sao lindas, o visual de tirar o folego e a altura e os sobe e desce pedras e escadas tb sao de tirar o folego, mas tudo isso ficava pouco com a expectativa e o quero mais.
Hora do almoco. A van parou nas costas de um restaurante, descemos as escadas… (deviam ter avisado que escada eh o que ha por aquelas bandas, alias, eh so o que ha) e entramos no restaurante de tirar o folego de novo. Imenso, em forma de U e acho que todo em vidro, onde de onde vc estivesse poderia ver o rio Urubamba. Ver o Urubamba? sentir o Urubamba. usufruir o urubamba.
um lugar de perder a voz, o apetite, embora um local absolutamente impar. Os pretos em ceramica pintados a mao e cada um um desenho diferente do outro, nao sei quantos buffes, um de carnes vermelhas, um de peixes, um de saladas outro para doces e me perdi entre e no meio deles… nao sabia mais para onde ir e o que comer. Sei que a tentacao de pular o almoco e ir para as sobremesas foi grande… ate me deparar com o rio… comer ficou em segundo plano
almocei energia, de sobremesa, choro, emocao que nao tem como explicar na beira do rio. Bem, comi sim e a comida era maravilhosa. Ainda tenho o gostinho de uma polenta com damascos e o gosto da torta de chocolate super amargo e da mousse de piña colada.
comi sentindo uma coisa boa, uma paz que jamais senti antes, uma sensacao de fazer parte de um todo. Senti como fazendo parte de algo maior, mais sublime, senti como se eu fizesse parte de uma energia muito maior que tudo o que ja havia sentido antes. Una com a natureza, com o cosmo. com o olho banhado, falei com a Ju que estava sentada na minha frente, se eu to assim aqui, imagina la em Machu Picchu… vou desidratar… e rimos, pq todos nos estavamos desse jeito. Tomados por essa emocao e com os olhos cheios de agua e a emocao transbordando por todos os poros e de fundo musical, flauta de pan… el condor passa… passa, mas nao nos deixa.
fim da festa, de volta aa van para nos levar ao trem rumo a Aguas Calientes. Se eu amei o rio? nem gosto de agua e para a minha surpreza, os trilhos do trem seguem o rio e eu o segui, quase nao piscando para nao perder nem um poquinho de sua magnitude. Chateada por nao poder tirar nenhuma foto, acabou a memoria da maquina bem quando saimos do restaurante… mas as imagens daquele rio, estao dentro de mim, para sempre.
Chegada em Aguas Calientes foi uma coisa que nao tem como explicar. Senti uma escuridao incrivel. uma sensacao de sujo. Uma sensacao que depois, descobri nao ser so minha.
Mas aproveitei um banho em suas aguas termais.
4 da manha o Glaucuis, nosso guia nos acordou feliz da vida e eu mais ainda. Machu Picchu aqui vou eu… alias, vamos nos, em nossa grande e imensa euforia, coracoes palpitantes e expectativa…
chegamos la em cima ainda sem sol. nuvens encobriam a cidade sagrada como um manto protetor. Aos poucos abria em um lugar, sumia, abria em outro, fechava, num bale descortinador, mas sem se mostrar por inteiro. Este ballet de nuvens durou ate que o grande deus Sol apacerecesse para poder banhar de luz dourada aquela cidade.
A sensacao que senti nao da para falar, ate hoje eu tento, mas nao consigo.
algumas palavras me vem a cabeca como magnitude, completude, unicidade, tudo muito muito, muito intenso, muito forte, muito muito.
Paz, muita paz. Uma sensacao de nao estar sozinha. De fazer parte de algo maior.
Pena nao poder ver o por de sol de la.
Pisar no pacifico. voltar para casa. Voltar diferente do que fui.
Ter estado la eh uma coisa que ate hoje nao saiu de dentro de mim. Ainda, as vezes me sinto la. E foi o que aconteceu na semana de 12 de janeiro. Me senti la novamente, nas ruinas, nos templos, nas noites magicas de Cuzco.
dia 21, meu primo Marcio vai para BH para a formatura de um primo nosso e na casa onde ele ficou, um livro chamou sua atencao: Machu Picchu. e de la mesmo, colocou um pedaco dele no nosso grupo.
“Foi dali que vi Machu Picchu pela primeira vez. Aos poucos, foram surgindo os demais integrantes do grupo. O silêncio respeitoso de antes permanecia. Todos se acomodavam. O olhar da maioria variava entre espantado e emocionado. Não sei ao certo o que os outros experimentavam naquele momento, mas o que senti foi uma coisa única. Meu corpo parecia não ter massa física, como se estivesse flutuando, levitando. Percebia claramente a minha aura e conseguia mesmo ver a energia que emanava das outras pessoas, como uma espécie de luminosidade envolvendo-as por inteiro. Nunca vivera algo semelhante. Estranhamente, tinha a nítida impressão de estar vendo seres como anjos ao meu redor. Era incrível e fascinante. Uma paz imensa tomou conta de mim e descobri o significado de energia em estado puro: Machu Picchu. Uma sombra razoavelmente escura cobria a cidade sagrada. Enquanto o dia clareava imponente, comecei a sentir minha ansiedade crescer. Era como se estivéssemos em uma contagem regressiva, sabia-se-lá para quê. ”
“Até que o sol atingiu uma posição determinada. O que se viu então ficou catalogado como um dos momentos mais emocionantes da minha vida. Os raios de sol iluminaram Machu Picchu inteira. Era como se os deuses incas estivessem esperando a platéia reunir-se para ligar os refletores do espetáculo. A cidade brilhou majestosa, no alto da montanha. As pedras que pareciam apagadas, escuras, encheram-se de luz. A impressão de que dali a pouco seria possível presenciar o movimento normal da cidade despertando era nítida, quase real. A claridade era tanta que Machu Picchu transformou-se num espelho de energia, jogando sobre nós reflexos de uma luminosidade mágica. Isso aconteceu de uma maneira tão rápida e inesperada, que não conseguíamos conter o deslumbramento, entre atônitos e maravilhados.”
O Sergio Porto conseguiu exprimir o que eu nao tinha conseguido ainda. Li sentindo tudo novamente. A emocao de estar la de novo e a certeza de que vou voltar.
Logo depois veio a triste e devastadora noticia das chuvas em Cuzco, no Urubamba e nas ruinas que passei.
A natureza as vezes faz coisas que nao entendemos, mas uma coisa eh certa. os deuses cuidam e sempre cuidarao daquele lugar sempre e para sempre sagrado.